Tribunas
Amália era uma das maiores belezas da corte do Rio de Janeiro e pretendentes não lhe faltavam, mas ela tinha uma verdadeira desilusão quanto ao casamento, preferindo inúmeras vezes a vida de solteira. Sua alma ainda não se desligara da infância e por muitas vezes, com suas bonecas ainda presentes em um canto do seu aposento, simulava as quadrilhas que tinha vivido durante a noite no salão.
Como vizinho tinha o chamado Hermano, um homem extremamente reservado e que tinha muitas variações de humor. Ora agradavelmente na rua cumprimentava a seus conhecidos e amigos e ora se fechava em uma espécie de melancolia reservada em que não se mostrava nem minimamente sociável. A casa em que vivia estava sempre fechada e com a pintura desgastada. Vivia ali apenas com seus empregados e uma espécie de mordomo, Abreu.
Amália veio conhecer a história de Hermano por intermédio de seu amigo, Henrique Teixeira. Acontecia que Hermano fora casado com uma moça chamada Juliana, o casamento surpreendeu a todos já que a moça não era nem bela nem freqüentadora da sociedade e poucos eram os que a conheciam. Mas os dois se casaram e o elo entre eles era de um amor extremo e profundo. O mínimo de tempo separados lhes provocavam uma dor inestimável. Hermano até brincava que não possuíam filhos porque se amavam de tal forma que não aceitavam ceder parte deles para que um novo ser, fruto de seu amor, nascesse.
E depois de alguns anos, poucos para eles, Juliana finalmente engravidou e nesse estado faleceu junto ao feto. Daí em diante Hermano se tornou o homem que era, chegava a não querer conhecer e conviver com aqueles que não tinham se relacionado com a esposa enquanto era viva. Nessas circunstâncias, ele passou a viver em uma espécie de alucinação em que vivia trancafiado em casa vivendo com a lembrança da esposa, que ele sentia junto a ele.
Assim Amália conheceu a história de seu vizinho e nasceu nela um íntimo interesse sobre ele. Passava longos momentos observando a