Tribos indígenas do amazonas
Os Kanamari chamam a si mesmos Tukuna, termo que significa “gente” e que eles estendem a todos os povos da família lingüística Katukina. A despeito das adversidades que o século XX lhes trouxe, em particular a presença crescente e violenta de não-indígenas, os Kanamari vêm conseguindo manter a riqueza e complexidade de sua língua, mitologia e rituais.
Língua e localização
Os Kanamari originalmente moravam nos tributários do alto-médio rio Juruá, no estado do Amazonas, onde a maioria deles ainda vive. Eles também se estabeleceram nas proximidades de afluentes desse rio, como no alto Itaquaí, afluente do Javari, e ainda em regiões mais distantes, como no médio Javari e no Japurá.
Os Kanamari falam uma língua da família lingüística Katukina. Existem algumas variações entre os dialetos dos diferentes subgrupos, que vêm se tornando menos acentuadas em razão de intercasamentos. Os falantes de Katukina eram mais numerosos e diversos no passado, antes do contato, do que são hoje.
Organização social
Os Kanamari se dividem em subgrupos que recebem o nome de um animal seguido pelo sufixo –dyapa, que antes eram associados a rios específicos e seus afluentes. Eles conhecem um número razoável de subgrupos nomeados, mas dizem que sempre pode haver mais subgrupos nos limites do território. Assim, a sociedade Kanamari não se concebe de forma totalizada, mas em sua fragmentação, pluralidade e dispersão.
Originalmente, antes da chegada dos brancos, eles afirmavam que os –dyapa estavam circunscritos a alguns tributários do rio Juruá, com o qual ainda são identificados. Os Kanamari afirmam que no passado esses subgrupos não casavam entre si e mantinham relações rituais e comerciais, relações essas que ocasionalmente se tornavam hostis.
Por razões históricas, porém, iniciou-se um processo de rompimento da endogamia dos subgrupos. A presença de não-indígenas e rivalidades internas levaram a intercasamentos e deslocamentos, resultando em novas configurações em que a