tratamento oncologico
II Jornada de Bioética do HC IV
Quando o Tratamento Oncológico Pode Ser Fútil? Do ponto de Vista da Psicóloga
Silvana Maria Aquino da Silva
INTRODUÇÃO
Quando parar o tratamento de uma doença que se apresenta soberanamente resistente e indica um caminho inexorável para a morte? O que resta a fazer quando "não há mais nada para fazer?"
Questões como estas vêm sendo fertilmente discutidas nos últimos tempos, graças ao advento dos cuidados paliativos no Brasil e no mundo. Essa proposta de cuidados recentemente resgatada da prática da Medicina antiga
- num período em que a ciência caminhava a passos mais lentos, com menor disponibilidade de recursos e, conseqüentemente, lidando com a experiência da morte de forma mais natural - retorna à cena no momento em que, apesar de todos os avanços tecnológicos e biomédicos da atualidade, em que a cura de muito males se tornou possível, proporcionando maior longevidade à população, não foi possível mudar o rumo da história da humanidade que caminha inevitavelmente para a morte em algum momento de sua existência.
A morte não se deixa apropriar pela ciência, pois ela é uma questão de caráter existencial e uma das maiores angústias experimentadas pelo homem moderno. A consciência da morte é uma marca da humanidade1, mas essa idéia permanece a maior parte do tempo em estado de latência pela ação do mecanismo de defesa psíquica, que evita o contato constante com essa informação e permite que convivamos com ela a uma distância fantasiosamente segura. Toda essa organização psíquica se desestrutura diante do prognóstico reservado de doença avançada, "fora de possibilidades curativas".
LIMITES E POSSIBILIDADES
A comunicação desse prognóstico é a primeira experiência de morte vivenciada pelo paciente e pela equipe de Saúde2 que foi treinada para salvar vidas, oferecer a cura dos males e, onipotentemente, vencer a morte. O médico como figura central na promoção da Saúde, utilizando todos os