Transversalidade na Questão Ambiental, enquanto interrelação da ecologia, da política e do direito na percepção da natureza
Em razão disso, a minha contribuição para o painel certamente terá limitações, diante do tema proposto, que envolve reflexões profundas sobre a nossa maneira de estar no mundo e permite o questionamento sobre as possibilidades de manutenção da vida, diante da série de reações do planeta ao nosso modelo de sociedade, reações essas que tornam evidente a incompatibilidade entre nossa sociedade e as interações ecossistêmicas necessárias à existência das espécies.
Mas há um elemento que me parece principal na configuração desse cenário, que consiste na elaboração de estratégias de uniformização em oposição à diversidade social e biológica. Assim, dividi minha fala em dois momentos:
1º apresentarei alguns componentes dessas estratégias de uniformização para, num segundo momento
2º refletir sobre a possibilidade da América Latina defender a diversidade social e biológica.
Quanto às estratégias de UNIFORMIZAÇÃO aplicadas à sociobiodiversidade, é possível identificar uma dimensão epistemológica construída historicamente ao longo da afirmação do sistema capitalista, que se apropriou da ciência e da tecnologia como mecanismos de produção de valor econômico e, hoje, procura assegurar a comercialização de “bio-mercadoria”.
Conforme Boaventura de Souza Santos e seu grupo de pesquisadores, a ciência se colocou como uma forma de conhecimento que facilmente produzia desenvolvimento tecnológico e, por essa característica interessou ao processo de acumulação de riqueza, a ciência produziu epistemicídio, ao subordinar e desqualificar outras formas de conhecimento, processo esse marcante no colonialismo, cuja dimensão epistemológica permanece com a suposta capacidade superior da ciência em revelar e transformar as relações entre as