Transtornos Alimentares 1
O presente artigo apresenta uma compreensão analítico-comportamental dos “Transtornos Alimentares”, especificamente a “Anorexia Nervosa” e a “Bulimia Nervosa”. As práticas bulímicas e anoréticas foram caracterizadas a partir dos três níveis de seleção por consequências. No nível filogenético, foi discutida a evolução do homem e sua relação com os quadros clínicos. Na ontogênese, a relação operante com o alimento foi apresentada, apontando-se possibilidades funcionais em diversas situações clínicas. Por último, discutiu-se a participação da indústria da estética na cultura capitalista; a qual vende a ideia de que o corpo magro remove contingências aversivas e pode ser comprado ou conquistado, como um objeto de consumo dissociado do sujeito que se comporta e de sua história. As práticas alimentares purgativas e restritivas são um problema de saúde pública, no qual o analista do comportamento pode intervir a partir da clínica, sem negligenciar a necessidade de uma compreensão dos processos micro e macro culturais envolvidos.
O presente artigo se propõe a apresentar didaticamente uma compreensão dos chamados “Transtornos Alimentares”, e mais especificamente da “Anorexia Nervosa” e da “Bulimia Nervosa” (OMS, 1993), em uma perspectiva analítico-comportamental. A utilização dos termos psiquiátricos não ocorreu com o propósito de criar um manual de classificação ou análise, mas sim possibilitar que profissionais e alunos tenham como localizar este artigo como sendo uma proposta analítico-comportamental para compreensão desta temática.
Analistas do Comportamento frequentemente debatem sobre o uso de classificações psiquiátricas para a realização de suas análises e intervenções apontam que o modelo médico e analítico-comportamental se embasa em pressupostos epistemológicos distintos nas suas propostas a respeito do diagnóstico clínico. Enquanto a psiquiatria se embasa nos critérios topográficos e