Transtorno obesessivo compulsivo- epidemiologia
2120 palavras
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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO: EPIDEMIOLOGIAAristides Volpato Cordioli
Renata Rodrigues Oliveira
Introdução
Até o início dos anos 80 considerava-se o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) uma doença rara com uma prevalência na população ao redor de 0.05% apenas. Várias razões eram responsáveis por esta baixa estimativa: 1) a relutância dos pacientes em informar seus sintomas; 2) a falta de reconhecimento da diversidade de sintomas do TOC por parte dos profissionais; 3) dificuldades de diagnosticar a doença; e 4) o fato de os profissionais rotineiramente não fazerem perguntas sobre os sintomas (Rassmusen e Eisen, 1990). Até esta época não havia estudos epidemiológicos bem desenhados e na verdade levava-se em conta no estabelecimento de estimativas da incidência ou prevalência o pequeno número de pacientes que procuravam atendimento especializado. Contribuía ainda para esta falta de conhecimento a concepção até então vigente de que o TOC era um transtorno grave, crônico, resultante de conflitos de natureza inconsciente, para o qual a abordagem psicodinâmica que embora indicada em função do modelo teórico explicativo, era ineficaz. Como consequência até bem pouco tempo atrás havia uma falta de interesse em estudá-lo, levantando novas hipóteses quanto à sua etiologia e abrindo novas perspectivas de tratamento, o que só veio ocorrer a partir do início dos anos 80.
Estudos epidemiológicos
Prevalência
Foi a partir de estudos epidemiológicos mais bem desenhados e realizados nas últimas duas décadas que passou-se a ter uma idéia mais exata da incidência e prevalência do transtorno em diferentes populações. Um destes estudos de grande impacto ficou conhecido como ECA - Epidemiologic Catchment Area e foi publicado em 1988.
Karno et al durante 4 anos avaliaram a prevalência de TOC em mais de 18500 pessoas. Foi verificada uma prevalência para toda a vida em média de 2,5% (1,9% a 3,3%) e uma prevalência em 6 meses em média de 1,6% (0,7% a 2,2%)