TRANSPORTES COLETIVOS URBANOS E MOBILIDADE
UMA QUESTÃO POLÍTICA
Lúcio Gregori *
INTRODUÇÃO
O título acima visa realçar a importância dos transportes coletivos urbanos e metropolitanos na mobilidade dos cidadãos. Destaque-se que a mobilidade aqui utilizada abrange tanto a mobilidade física medida, entre outros índices, pelo número de viagens/dia, bem como a chamada mobilidade social, que permite que o cidadão caminhe de uma classe social para outra no que diz respeito à renda, ao maior nível educacional, ao acesso a bens e serviços culturais e de saúde, bem como ao consumo em geral. Ou seja, naquilo que numa sociedade de classes como a nossa se chama simplificadamente de melhorar de vida ou de qualidade de vida.
Por lidar com a mobilidade assim entendida, é que se afirma no título que os transportes (doravante com o significado de transportes coletivos urbanos e metropolitanos) são uma questão política e não uma questão técnica, como frequentemente são entendidos seus problemas e eventuais soluções.
Não por outra razão esse texto não se detém nas peculiaridades do transporte coletivo de Florianópolis e outras cidades onde se localizam as universidades promotoras dessa publicação. Se a mobilidade e os transportes são questões políticas, uma vez estabelecidas as diretrizes e os meios para realizá-las, as técnicas e as tecnologias serão postas a seu serviço para concretizá-las. Exemplificando: se a política for a de tratar os transportes como um negócio, no sentido de acumulação de riqueza, serão usadas técnicas que viabilizem a otimização de lucros. São inúmeros os estudos de modelos matemáticos e de gestão existentes nesse sentido. Se o transporte for entendido como direito social, as técnicas e tecnologias serão outras. E sempre com objetivos e resultados diferentes. Exemplo simples disso é a separação nas áreas de terminais ou estações de metrô, entre os usuários que pagaram e os que não pagaram a tarifa. Isso só faz sentido no regime tarifário pago no ato