Transporte coletivo: uma história encoberta
Há quem diga que os meios de comunicação de massa não são tão poderosos assim e que as pessoas podem muito bem ver e ouvir criticamente aquilo que eles transmitem. Está bem, também penso assim. Mas, existe uma coisa sobre os meios de comunicação que é extremamente nociva à sociedade, e é aí que mora o perigo. É o fato de omitirem informações. É o silêncio da fala, o que não é dito, que faz falta ao leitor/espectador crítico. Assim foi durante a última greve dos trabalhadores do transporte coletivo em Florianópolis. Quando tudo acabou e a cidade voltou ao normal, a impressão que ficou foi de que os trabalhadores, mais uma vez, tinham sido os culpados pelo aumento das tarifas.
Durante todo o conflito envolvendo trabalhadores, prefeitura e donos de empresas, os jornais, as rádios e as televisões não informaram as pessoas sobre algumas coisas que são importantes para se analisar os fatos. Assim, uma conversa com Ricardo Freitas, assessor do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano abriu um pouco a caixa-preta. Vejamos:
Quando chegou o mês de dezembro de 2008, a tarifa era de R$ 1,98. Naquele mês o Conselho Municipal de Transporte se reuniu e decidiu que a tarifa deveria ser aumentada em 22% no mês de janeiro de 2009. O prefeito, muito “preocupado” com a população, decidiu aumentar apenas 12%, guardando os outros 10% na manga para usar em outra hora. E assim, quando o ano de 2009 rompeu, a tarifa de ônibus passava para R$ 2,10 em vez dos R$ 2,70 deliberados pelo CMT. Mas, naqueles dias os empresários não foram às TV dizer que estavam no prejuízo e seguiram felizes, recebendo do poder público os R$ 0,12 centavos referentes a cada rodada de catraca, o que totaliza 550 mil reais por mês. Tudo parecia bem, a não ser para o povo que tomou mais um aumento.
Agora é que vem o desvelamento da grande mentira protagonizada pelos empresários durante a greve. Pois quando os trabalhadores decidiram entrar em greve por conta da