Transição dos paradigmas produtivos na serra catarinense
Por Thiago Luis Pinheiro
“Hoje em dia não se fazem mais coisas como antigamente”. Certamente você já deve ter ouvido esta frase de algum vivente das décadas anteriores. Trata-se uma afirmação que reflete bem a situação sobre a qual irei discorrer. Realmente existe uma distinção relevante entre os modelos produtivos atuais e os de outrora, e isto acaba por incidir diretamente nos produtos acabados. Enquanto no modo de produção artesanal raramente se poderá encontrar uma peça exatamente igual à outra, na produção industrial observa-se a padronização dos produtos. Enfim, pode-se verificar que realmente há sentido frase supracitada. No entanto, cabe levantar dois questionamentos referentes aos modais produtivos empregados pertinentes à realidade histórica da serra catarinense: por que o modelo artesanal deixou de ser predominante? E por qual motivo muitos produtos deixaram de ser produzidos? Quanto à primeira questão cabe considerar que a produção artesanal era utilizada para suprir as necessidades de subsistência. Ou seja, produzia-se artesanalmente por não haver outras opções. Esta situação torna-se mais clara se observamos que a produção se dava em quantidades reduzidas e tratavam-se apenas de produtos primários. Assim, produzia-se apenas o necessário para sobrevivência e que pudesse propiciar um mínimo de conforto. Outra variável a ser considerada é a econômica, pois como a produção na região era limitada, e grande parte dos produtos provenientes da produção industrial vinha de outras regiões a um custo elevado. Tomemos como exemplo o caso da taipas. O preço do arame era considerado impraticável, entretanto, havia necessidade de delimitar as terras. De tal modo que se utilizavam da taipa como alternativa em relação ao arame. Desta forma, na medida em que os produtos industrializados tornaram-se mais acessíveis e mais cômodos à população, acabava sendo mais