Transexual e o mercado de trabalho
15 a 17 de Maio de 2013
Universidade do Estado da Bahia – Campus I
Salvador - BA
TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E MERCADO DE TRABALHO:
MUITO ALÉM DA PROSTITUIÇÃO
Thiago Clemente do Amaral1
1)
Considerações Iniciais
Travestis e transexuais têm sido objeto de diversos estudos no Brasil desde há pelo menos vinte anos (BARBOSA, 2010; BENEDETTI, 2005; BENTO, 2008; DUQUE, 2005 e 2011;
GARCIA, 2007; KULICK, 2008; LEITE JR, 2011; MISKOLCI, 2009 e 2012, PELÚCIO, 2009;
TERTO JR, 1989; VENTURA, 2010; dentre outros). Diversos foram os temas tratados no que tange a esta questão. Discutiu-se a violência, as DST´s, a prostituição, a relação destas pessoas com o binarismo de gênero em voga em nossa sociedade, etc. Dentre os trabalhos analisados por mim, poucos buscaram apontar, de forma aprofundada, as razões da inter-relação entre estes sujeitos e os temas mencionados2.
Não defendo, no que tange à prostituição, por exemplo, que a realidade das travestis seja universal e imbuída de fatalismos. Por óbvio, a realidade individual de cada uma das pessoas que vive neste tipo de situação é única e específica, sendo bastante temerária uma tentativa de generalizar motivos que as levam a esta situação, sem uma análise que parta de uma pesquisa mais aprofundada do que a presente.
No entanto, não se pode deixar de apontar questões que tocam a um número considerável de travestis e transexuais em suas histórias de vida: a dificuldade de fazer-se respeitar em seu processo de questionamento factual ao binarismo de gênero; a expulsão de casa e a falta de apoio da família; a evasão escolar, devido à falta de preparo do Estado, por meio de seus professores, para lidar com a
1
Graduando do curso de Direito da Universidade de São Paulo. Email: thiago.clemente.amaral@usp.br
2
Não me refiro aqui a supostas causas biológicas ou psicológicas que condicionariam tais sujeitos a viverem estas
realidades, mas sim a