Transdisciplinaridade e arteterapia
Uma das questões sempre presentes em Arteterapia e geradora de polêmicas constantes refere-se à sua área de abrangência. A quem “pertenceria”esse campo de trabalho? Esse é um tema recorrente em eventos, sendo sempre comum que, em algum momento, alguém proponha essa pergunta e levante uma bandeira com intenção de fincá-la em algum restrito território. Parece-me que, quanto maior o afastamento da práxis arteterapêutica, maior também será a ênfase na tentativa de vincular arteterapia a uma única área de conhecimento. Mas aqueles que estão realmente envolvidos com o dia-a-dia da prática arteterapêutica sabem, de forma visceral, que o campo é transdisciplinar. Sabem, assentados no fazer cotidiano, o quanto são bem-vindos os múltiplos conhecimentos das estratégias artísticas, como são clareadoras as proposições das teorias psicológicas, como o olhar das estratégias educacionais poderá contribuir e como as proposições das teorias da criatividade abrem trilhas benéficas... Considerando esses aspectos, observando a palavra “transdisciplinaridade”, teremos mais algumas pistas. O prefixo “trans” nos dá uma primeira trilha, pois nos lembra que há que atravessar e ultrapassar. A própria palavra em sua etimologia nos indica a necessidade de ir mais além dos continentes formais de cada disciplina e nos convida a formar tramas, a construir redes e integrar urdiduras. Desse modo, a transdisciplinaridade nos insere nas conexões sistêmicas, nos descortina a visão da transculturalidade e nos propicia uma abordagem “ecumênica” em relação aos diferentes campos do saber, pois já ficou muito para trás, na noite dos tempos, a visão medieval das corporações de ofício, com seus procedimentos imutáveis e seus reduzidos territórios do saber. Agora é tempo de “transgredir”, “trans-passar” e “trans-formar”. Boaventura Souza Santos (2004) nos convida a buscar outras formas de compreender o conhecimento científico, que façam dele um reconhecimento