Trajet ria metodol gica
Este estudo tem como base as histórias contadas pelos familiares dos idosos, colhidas através do que aqui denominamos autópsias psicossociais. O termo clássico para definição do roteiro para explicação e compreensão dos suicídios é "autópsia psicológica" termo cunhado por Shneidamn8. No entanto, decidimos nesta pesquisa modificá-lo para "autópsia psicossocial" para dar relevância ao embricamento entre a perspectiva sociológica e subjetiva. A opção pela entrevista com familiares partiu do entendimento de que a história familiar é importante para a compreensão do ambiente em que ocorreu o suicídio, e para mostrar as fraturas que ficam entre os parentes depois do ato fatal. Nesse sentido, a pessoa que atenta contra sua vida é coautora das narrativas construídas durante o tempo de sua existência, e seu ato tem um impacto que permanece através dos tempos9.
Por meio da autópsia psicossocial procuramos conhecer e compreender, entre outros aspectos, as questões microssociais que envolvem o âmbito familiar e comunitário do suicida, sobretudo após sua autoeliminação10.
Este estudo traz informações de familiares dos idosos que se suicidaram em cidades das cinco regiões do país: Norte (Manaus), Nordeste (Teresina, Tauá e Fortaleza), Centro-Oeste (Campo Grande e Dourados), Sudeste (Campos dos Goytacazes) e Sul (São Lourenço do Sul, Candelária e Venâncio Aires).
No caso deste estudo, as localidades acima são as que possuem taxas de suicídio mais relevantes e reúnem uma população que trabalha com cultivo do fumo, com plantação de cana de açúcar, com rebanhos de gado, com exploração do petróleo, com extração de minério e, algumas, estão próximas a aldeias indígenas.
Conforme é recomendado pela literatura científica sobre o tema, obedeceu-se a um período médio de dois anos entre a consumação do suicídio pelo idoso e a realização da entrevista, no sentido de preservar aspectos emocionais dos familiares, considerando e compreendendo que o resgate da memória