Traduzir com autonomia
Cap. 1 do livro: ALVES, F.; MAGALHÃES, C.; PAGANO, A.; Traduzir com autonomia: estratégias para o tradutor em formação. São Paulo: Contexto, 2000, p. 9-26.
1 Crenças sobre a tradução e o tradutor
Adriana Pagano
Objetivos
Neste capítulo, vamos abordar os seguintes aspectos: • As crenças mais comuns em relação à tradução e ao tradutor e sua aplicabilidade ou validade à luz das novas teorias dos estudos da tradução;
• A noção de estratégias de tradução e sua relevância na abordagem do processo tradutório e do tradutor;
• Os principais elementos envolvidos no processo tradutório e seu papel na criação de condições que propiciem um trabalho bem-sucedido.
Considerações teóricas
Um dos assuntos que vêm sendo muito pesquisados atualmente nas áreas de educação e cognição são os fatores que influenciam o processo de aprendizagem e aquisição de conhecimentos. Dentre esses fatores, ganha destaque o papel das crenças no processo de aprendizagem. Por crenças, entende-se todo pressuposto a partir do qual o aprendiz constrói uma visão do que seja aprender e adquirir conhecimento. Segundo pesquisadores, todo aprendiz possui uma série de crenças a respeito do que é aprender: como se aprende, qual o esforço a ser despendido nessa tarefa e com que velocidade são assimilados os conhecimentos (Butler & Winne, 1995). Esses pressupostos determinam os recursos e a forma que o aprendiz utilizará para resolver todo problema que surgir ao longo de seu aprendizado (Jacobson et al., 1996). Orientado pelas suas crenças, o aprendiz decide o que aprender, como, quando e em quanto tempo. Crenças que refletem adequadamente o processo de ensino/aprendizagem geralmente conduzem o aprendiz à escolha de recursos e formas apropriadas que, por sua vez, garantem o sucesso e o contínuo exercício de procedimentos acertados. Por outro lado, crenças errôneas ou pouco fundamentadas levam o aprendiz a optar por recursos e formas não apropriadas e culminam, geralmente, no