TRADIÇÃO VIVA “AMADOU HAMPÂTÉ B” FILME: KIRIKU E A FEITICEIRA
FILME: KIRIKU E A FEITICEIRA
A sociedade ocidental e seus registros são pautados na tradição e na perpetuação do legado escrito, suas vivencias, culturas. Enfim, sua História é fundamentada a partir do que é e pode ser materializado nos livros, documentos, escritos e tudo aquilo que a letra escrita registra. Muito importante conceber que esta não é a única forma de transmissão de conhecimentos; reduzir as outras formas de registro e propagação da História de um povo somente pelo que foi escrito, sem contemplar outras possibilidades, como a oralidade em questão é um erro. A visão européia, ocidental não é a única neste contexto. O texto de Amadou Hampâté Bâ e o filme Kiriku e a feiticeira, trazem a importância da oralidade na tradição africana, na continuidade da transmissão do saber, repassada pelos mais velhos “ Griots”que têm o papel fundamental de contar aos mais jovens as experiências adquiridas, a História viva. O filme exprime a esperteza, a humildade, a astúcia, a valentia e a determinação de um menino prematuro que, mesmo discriminado pelo seu próprio povo, busca incessantemente por respostas para os problemas da sua sociedade, se recusa a ser submisso como os demais e, através de sua luta, consegue libertar seu povo do domínio do grande mal, “a feiticeira”. Conhecimentos culturais retransmitidos por aqueles que trazem consigo uma parte da História viva, conseguem manter a essência e as origens de seu povo, renovam a tradição. Cada pessoa forma seu próprio conjunto de experiências únicas, mas que ao serem agregadas, fazem parte também do coletivo. A escrita é um registro físico que pode ser entendido de várias vertentes, sendo algo não necessariamente vivido por quem escreveu e sim interpretado. Já a oralidade é a experiência vivida, a herança de conhecimentos pessoais acumulados durante a vida, e quanto mais velho, melhor, pois mais se incorporam