Tradicional-regionalismo freyriano (1918-1926)

Este trabalho trata da trajetória intelectual de Gilberto Freyre antes da fama, ou seja, antes da publicação de “Casa grande e Senzala”, em 1933. O recorte temporal abrange o período de 1918 a 1926. 1918 é a data em que Freyre começa a enviar artigos para o Brasil, quase que quinzenalmente; 1926 é a data do 1º Congresso regionalista do Nordeste, evento encabeçado pelo autor e que marca a configuração final do regionalismo por ele entendido e forjado. Gilberto de Mello Freyre, assim que termina seus estudos primários em Recife, em 1917, parte para os Estados Unidos para graduar-se, acabando por ir um pouco além, obtendo o título de magister artium, em 1922, título esse equivalente ao nosso “mestrado”, em Ciências Políticas e Sociais, tendo como professor e mestre o antropólogo Franz Boas. O trabalho final para obtenção do título é sobre a “Vida social no Brasil em meados do século
XIX,” onde podemos perceber as características gerais que vão nortear o pensamento do sociólogo pernambucano por toda década de 1920, algumas delas perpassando toda sua vida acadêmica. Esse ensaio mostra que Freyre, desde cedo, está preocupado em retratar, idealizando algumas vezes, a vida colonial em um passado recente, tendo algumas características desse passado como modelos a serem resgatados, principalmente no Nordeste, onde estaria concentrado o que há de mais brasileiro no Brasil, pois a presença do modernismo ainda não penetrou de maneira contumaz na sociedade nordestina. Discurso que mudará de tom assim que o historiador recifense tomar nota do que está a acontecer em
Pernambuco em meados da década de 1920, seja por notícias recebidas ainda no exterior, seja com os próprios olhos assim que volta de sua estada no estrangeiro, sendo que já fora do país começa a apregoar que os valores tradicionais não devem ser rechaçados, e sim atualizados, entrando em sintonia com o progresso “sadio”, não o progresso que pretende a tudo renovar, destruindo sem critério bens