Trablho de Klein
A análise da história de Fabian, artista principal da história “Se eu fosse você”, nos aponta algumas considerações da teoria kleiniana interessantes de serem abordados. Em primeiro lugar, é possível vislumbrar que os sentimentos que aparecem na história, já relatados na idade adulta, parecem ter sua base em relações primitivas, contidas em um ego arcaico, não integrado, como postulou Klein.
A relação inicial do bebê com o seio materno é fundante para o psiquismo humano, dela derivam capacidades que se perpetuam ao longo de toda a vida. A introjeção de um objeto bom é a base para o surgimento do ego do sujeito. Incialmente o bebê visa à satisfação completa e ininterrupta, porém aos primeiros sinais de frustração, o bebê percebe que tal objeto não é como ele havia idealizado, e começa a ter em si ansiedade e impulsos destrutivos contra o seio que não proporciona a satisfação completa. Dessa noção, uma das formas que o ego encontra para lidar com esta ansiedade é a cisão do objeto em bom e mau, com este segundo sendo alvo de ódio e inveja. Sentimentos de insatisfação, insucesso e condição de pobreza são frutos de uma mãe exigente e de um pai irresponsável, ou seja, de objetos frustradores que, na fantasia infantil, retiveram a satisfação plena do bebê. Tal realidade é mola propulsora para o estabelecimento da inveja no sujeito. Além disso, também se pode pensar que o objeto bom não foi internalizado o suficiente para gerar a possibilidade da integração e coesão de seu ego.
Uma segunda forma de lidar com a ansiedade é projetar para o externo estes impulsos agressivos, que acabam se ligando ao objeto primordial, o seio materno. Essa projeção parece aparecer na história de Fabian em forma de ressentimento, já que, neste caso, o pai o privou da possibilidade de concluir os estudos e ter um futuro melhor. A introjeção apareceria como forma de colocar para dentro o objeto bom, defensor do ego contra a incidência do objeto maus e