Trabalhos
Cultura – A dimensão psicológica e a mudança histórica e cultural
Culture – Psychological dimension in historical and cultural change
Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky
Susana Inês Molon, Departamento de Psicologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Partindo do princípio de que o sujeito e a subjetividade emergem na obra de Vygotsky, a questão a fazer é como o sujeito e a subjetividade aparecem na construção teórica do autor.
Para a leitura subtextual[1] será analisado dois conceitos fundamentais da obra de Vygotsky e que apresentam permanência nos seus escritos: a noção de consciência e a noção da relação constitutiva Eu-Outro. Essas duas questões estão presentes desde o primeiro instante de sua entrada na Psicologia até a interrupção de seu trabalho ocasionada por sua morte prematura. Esses conceitos atravessam uma década (1924 a 1934) da vida teórica de Vygotsky, porém apresentam alterações nos seus significados.
Pela análise desses dois conceitos será possível resgatar a teoria vygotskiana e revelar suas reflexões sobre a constituição do sujeito e da subjetividade que passam por momentos de superação.
A consciência como sistema de reflexos reversíveis
No texto “Os métodos de investigação reflexológicos e psicológicos” (1924,1926, 1996a)[2] a consciência é entendida como um entrelaçamento de sistemas de reflexos, ou seja, a consciência enquanto um mecanismo que suporta um sistema de reflexos. Mas, a consciência não se confunde com o reflexo, não é um reflexo e nem um excitante, mas sim o mecanismo de transmissão entre sistemas de reflexos.
Vygotsky tentava sair do círculo reducionista das Psicologias objetivistas[3] do comportamento (Reflexologia, Reactologia, pavlovismo), porém, sem cair na armadilha do subjetivismo[4] e do idealismo.
Vygotsky já anunciava a origem social da consciência, ressaltando a importância da linguagem