Trabalhos
Davys Sleman de Negreiros* Fonte: http://www.achegas.net/numero/sete/davys_negreiros_02.htm
Todos temos certas intuições sobre a inovação tecnológica; entretanto, nos confundimos logo que procuramos especificar a maneira pela qual poderíamos organizar ou executar o processo de inovação, a criação de novos dispositivos ou novas indústrias. Podemos aplicar a história dos homens cegos e do elefante à inovação técnica. O que cada homem experimentou e onde ele tocou o animal determinam suas ideias sobre o que seja o elefante. E cada homem tem ideias muito diferentes. Em primeiro lugar, não existe inovação pura e simples, porque muitas são as maneiras pelas quais se pode inovar. Existem muitas indústrias e problemas, e cada um deles é bastante diferente. Temos a tendência de simplificar em demasia e pensar que apenas a aplicação da ciência nos leva, de algum modo, à solução de todos os problemas. Mas, naturalmente, a complicação é muito maior. Aliás, é errado equacionar-se tecnologia e ciência. Esta é a busca de conhecimentos mais ou menos abstratos, enquanto que a primeira é a aplicação do conhecimento organizado no auxílio à solução de problemas em nossa sociedade. Tendemos a nos esquecer que, mesmo atualmente, grande parte da tecnologia, das engenharias mecânica e civil, por exemplo, podem independer da ciência. Existem muitas atividades criadoras e inovadoras importantes que, quando utilizam a ciência, fazem-no incidentalmente. Durante muito tempo, isto foi válido para a maior parte da tecnologia. Depois, logo que se começou a compreender alguma coisa sobre a eletricidade e a química, utilizou-se esse conhecimento na fabricação de aparelhos para fins específicos, por exemplo, o motor elétrico, telégrafo, telefone, plásticos. A maioria dessas invenções não foi feita por cientistas (que estavam mais interessados na compreensão do fenômeno natural), mas por pessoas que, de certo modo, haviam aprendido alguma coisa em