INTRODUÇÃO O que é isto, Filosofia? O que é isto Filosofia? Na língua grega encontramos o sentido original e originário da palavra Filosofia. Trata-se de termo composto por Filos [amizade] e Sofia [sabedoria]. Designa a atitude de amor daquele que procura tornar-se amigo da Sabedoria. Segundo Martin Heidegger foi o pré-socrático Heráclito de Éfeso quem inventou a palavra Filosofia, inaugurando nova atitude, teórica e ética. Para Heráclito, tornar-se amigo daquilo que é Sábio [O ‘Um que é tudo’ – Realidade – Ser] exigiria atitude inusitada: ver além das aparências, desconfiar dos sentidos e operar com a razão. Para além do fenômeno, é preciso descobrir e declarar o lógos, a razão daquilo que se mostra à consciência . A teoria [o ver da razão sobre os fenômenos] reivindicaria, também, postura ética consequente, pois o conhecer implica em transformação pessoal. Nos seus primórdios, a Filosofia foi concebida, enfim, como teoria e atitude ética, envolvendo e comprometendo a totalidade da vida. Se a Filosofia é tentativa permanente de indagar e compreender o sentido abrangente da realidade, portanto, compete ao filósofo a permanente crítica das convicções ou crenças silenciosas que sustentam nossas compreensões de mundo. É tarefa de quem ingressa na Filosofia indagar pelo significado originário de todas as coisas. Cada ser humano é convidado, através do exercício reflexivo, a indagar pelo sentido de tudo aquilo que é – na tentativa de ultrapassar a ingenuidade e chegar à visão judicativa ou crítica. Afirmamos, por isso, que a Filosofia é uma ciência de rigor, enquanto crítica radical de teorias, conceitos e práticas. A ciência de rigor, exercício radical, dirige seu olhar às raízes dos fenômenos, descobrindo ou desvelando sua verdade [não permanece na superfície, mas se dirige aos fundamentos] . O filósofo sabe que indaga o incontornável, que suas respostas são provisórias. No exercício meditativo, todavia, reflete sobre o sentido – pensa –, pois é capaz de, no silêncio,