A COMPETITIVIDADE E A ÉTICA José Antonio Ghilardi Mestre em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho Professor de Ética e Legislação Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia Um dos aspectos mais marcantes do atual contexto social é a intensa competição impregnada nas relações humanas. Embora essa tenha sido uma característica e uma preocupação também de outros tempos, podemos notar que hoje a sua presença é tão forte em nossas vidas, como nos parece ser a intenção de desenvolvê-la na consciência das pessoas. Muitas são as manifestações da idéia de competição nas sociedades humanas. Ela está presente desde a “preparação” das crianças, pelos pais, para “vencer na vida”, nas brincadeiras e jogos, em festivais, gincanas, concursos, programas de televisão e em todas as atividades que pressupõem a seleção de alguns para a necessária exclusão de outros, até chegar, finalmente, ao mundo competitivo do trabalho, no qual o que importa é ser um “vencedor” para demonstrar competência e afirmação diante dos outros. Esse jogo sem fim deixa-nos claro que, ao exacerbar na valorização da competição, ao levantá-la como bandeira, o homem vê o outro como seu inimigo e, quando há um ganhador, o mais forte, surgem irremediavelmente a opressão e a angústia para uma grande maioria dos considerados “perdedores”. Provavelmente, o homem esteja mais e mais longe do seu equilíbrio ao supervalorizar a competitividade e se distanciar da ética e de toda a coleção de virtudes que a compõem. Em alguns momentos, chega-se a acreditar na impossibilidade da coexistência da competitividade e da ética. A competitividade é um dos princípios da economia liberal em que muitas vezes, procurando um ganho individual maior, a pessoa trabalha, coincidentemente, para elevar ao máximo possível a produtividade das organizações e, conseqüentemente, a renda anual de uma pequena parte da sociedade. Por uma espécie de mão invisível, a pessoa é