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REGRAS PARA A DIREÇÃO DO ESPIRITO O autor revela a capacidade prática da filosofia, no sentido de que a busca pela verdade representa uma tentativa de garantia do conhecimento com vistas à boa condução da vida. Estas idéias demonstram a diferença frente à ciência medieval vigente na época, a qual se apoiava nos dogmas teológicos como fontes de revelação, os quais Descartes sugeriu que deveriam ser colocados à prova pelo fato de não primar pela fundamentação racional. Descartes demonstra o caminho para que o espírito consiga elaborar juízos firmes e verdadeiros sobre as coisas que se apresentam. Dessa forma, Descartes se preocupou em ofertar ao conhecimento bases sólidas nas quais pudesse ser utilizados de forma irrestrita em diferentes situações. Este conhecimento contemplaria uma estrutura que permitiria sempre inferências irrefutáveis, posto que, para o autor, a ciência é um conhecimento certo e evidente.
Partindo da matemática para dar fundamento à sua teoria, Descartes enxerga neste modelo o rigor disciplinar e a capacidade de propiciar a ordem e a medida. Estes elementos são fundamentais para a construção do seu método. Contudo, o autor não visa copiar os preceitos da matemática universal, mas apenas utilizá-los como fundamentos ordenadores de um método para atingir um saber seguro.
O método para Descartes significa a ordem e disposição das coisas, para as quais é necessário dirigir toda agudeza do espírito para se chegar à verdade. Isso ocorreria sempre que, do espírito, diminuirmos progressivamente os problemas complicados e obscuros a outros mais simples, e, partindo destes, tentar elevar o grau de conhecimento de todas as outras coisas. Assim, deduzindo umas verdades de outras, seria possível distinguir as coisas simples das mais complexas e prosseguir ordenadamente na investigação. O autor ainda aponta que se existem algumas coisas que nossa cognição não consegue intuir de forma