Trabalhos feitos
“O ano em que meus pais saíram de férias” dialoga com a história/memória de uma criança no período de vigência do Ato Institucional de nº. 5 – o AI-5 (1968/1978).
O Brasil sofria o auge do regime militar sob o governo do general Emilio Garrastazu Médici. Em junho, mesmo com a situação política conturbada pela qual o país passava a seleção de Pelé, Tostão e Rivelino conquistaram o tricampeonato do mundo de futebol no México. Enquanto isso, os pais do garoto Mauro “saíram de férias”.
Embora o diretor consiga restituir o cenário da época e construir um clima de tensão muito melhor que muitas produções que abordam o tema, a intenção do filme não é a de narrar os acontecimentos referentes ao período histórico cujos resquícios ainda se encontram presentes. Tanto a ditadura quanto a conquista do tri funcionam apenas como pano de fundo para o filme; um contexto histórico que cria relações com aquilo que de fato se deseja mostrar.
A produção do filme se esmerou na reconstituição visual de época. Alguns signos são apresentados ensejando “diálogos” com a memória. A narrativa chega a provocar nostalgia quanto às diversões da época. O diálogo pode ser descrito como pretendendo uma “reação responsiva” emocional, fundamental para conquistar a anuência do público.
Não faltaram as pichações de “Abaixo a ditadura!” Tão frequentes na paisagem urbana daqueles anos, completamente ininteligível para os analfabetos políticos, como a maioria das crianças de dez anos.
Os diálogos aqui operam em dois sentidos: um relativo propriamente ao conhecimento histórico, outro voltados para aqueles que da mesma idade de Mauro, liam as pichações nas paredes e muros e não as entendiam. Mauro, ao se relacionar com Shlomo, ao dialogar com o mundo que se descortina diante de seus olhos de diversas maneiras, Mauro/Cao Hamburger também tece para o público um diálogo e uma reconciliação entre essas duas gerações.···.
RESUMO DO ENREDO:
Mauro, interpretado pelo