Trabalhos diversos
1.º Exército, legalista, era mais forte que regimentos rebeldes, mas ambos se confraternizaram
José Maria Mayrink - O Estado de S.Paulo
Não houve um tiro sequer, mas a participação da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) foi fundamental para a rendição das unidades fiéis ao presidente João Goulart, na virada de 31 de março para 1.º de abril de 1964. Sob o comando do então general de brigada Emílio Garrastazu Médici, a escola de formação de oficiais mobilizou os cadetes, professores e pessoal de serviço, no total de mais de 2 mil homens, para bloquear o Vale do Paraíba, por onde as forças do 1.º Exército avançariam contra São Paulo.
Arquivo Estadão - 4/4/1964
Comboio avança na Via Dutra em direção à Guanabara para conter eventual reação legalista
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"Na Academia, foi preso o general Euryale Jesus Zerbini, comandante da Infantaria Divisionária da 2ª Divisão de Infantaria, que tinha segurado nos quartéis dois regimentos, o 4.º e o 6.º, impedindo-os de marchar para a região de Resende", conta o general Geraldo Luiz Nery da Silva, na época tenente de artilharia em Itu (SP). "Somente o 5.º RI (Regimento de Infantaria), sediado em Lorena, conseguiu ir para a estrada." O general Zerbini, que apoiava Goulart, foi detido na Aman, na tarde de 1.º de abril. "Um tenente lhe disse que o general Médici o estava convidando para um cafezinho e o arrastou, pelo elevador, para a sala do comandante", lembra. A prisão significava não sair do prédio.
O general Nery, que presenciou a cena, havia chegado de Itu com uma bateria de obuses (canhões), escalada para dar cobertura aos regimentos de infantaria. "Saímos às 7 horas da manhã em direção a São Paulo, onde deveríamos acampar no Parque da Água Branca. A ordem