Trabalhos acadêmicos
A ascensão, nas últimas décadas, do termo sustentabilidade no discurso corrente, político e acadêmico assinala a emergência, na sociedade contemporânea, da percepção crescente e aguda dos limites da razoabilidade das ações do homem no ambiente que o cerca. Entre o mito herdado do século XIX de que a tecnologia e o progresso seriam fiadores do bem estar da sociedade e a constatação da fratura das promessas que acompanhavam essa crença estão experiências históricas trágicas, que colocaram em xeque diferentes dimensões da experiência da modernidade. Cenários de guerras, devastação de paisagens, destruição de antigos modos de vida, massa de homens refugiados, contingentes marginalizados em seus próprios países e a perturbadora perda do sentido de lugar e da identidade decretaram o esgotamento de antigos paradigmas e, sobretudo, assinalaram a falência de um modelo de desenvolvimento, centrado na geração exclusiva de riquezas e em um modus operandi alheio às diversidades dos contextos geográficos, históricos e culturais. Assiste-se, por conseguinte, nos últimos decênios do século XX, uma crise que alcança diferentes esferas da vida social, ganhando contornos globais de crise ambiental, de desenvolvimento, cultural e de valores. Ao desenvolvimento a qualquer preço é contraposta a idéia de “desenvolvimento sustentável” - expressão empregada primeira vez em 1987, no Relatório Brundtland1, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU. Segundo o referido Relatório sustentabilidade significa “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”. Assim concebida, a idéia de desenvolvimento sustentável ultrapassou nos anos seguintes os limites das relações entre geração de riqueza e questão ambiental - foco inicial do debate – sendo incorporada a uma agenda política mais extensa, a exemplo do desenvolvimento urbano, do turismo e da cultura. No caso da