Trabalho
I. O diagnóstico de Perry Anderson
Um dos mais renomados historiadores da atualidade, o inglês Perry Anderson, traça um retrato interessante sobre o atual momento das relações de poder mundial e o papel reservado a um país como o Brasil.
Este diagnóstico pode servir para ilustrar as opções do governo Lula em matéria de política externa, marcando a sensível evolução em relação aos governos anteriores de Fernando Henrique Cardoso, de caráter unilateralmente alinhado aos países centrais e suas políticas de liberalização do comércio internacional, abdicando de qualquer possibilidade de inserção soberana. Veja-se o que aponta o eminente historiador:
“(…) dois Estados importantes, cujo peso econômico e político seguem tangentes. Nem o Brasil nem a Índia pertencem, até o momento, ao grupo central das Grandes Potências. Por mais que as razões para isso não sejam as mesmas nos dois casos, há três aspectos comuns que levam à separação desses dois países da Pentarquia [EUA, Europa, Rússia, China e Japão]. Primeiramente, os dois são democracias em sociedades nas quais a maioria da população é pobre (…); os governos desses dois países não podem ignorar completamente as pressões sociais das massas. Em segundo, o crescimento econômico desses dois países tem acontecido com base no mercado doméstico num grau maior do que nos casos extremamente dependentes de exportações da China, principalmente, mas também do Japão, da Rússia ou do coração da União Européia, a Alemanha.
Assim, o índice de integração brasileira e indiana no sistema interconectado em que a Pentarquia domina segue relativamente limitado. É significativo que cada um deles resistiu, até o momento, à crise financeira global, sem ter de abrir mão – diferentemente da China – de pacotes políticos de estímulo enormes. Finalmente, apesar de razões opostas, nenhum é membro credenciado da oligarquia nuclear (…).” [1]
Para Anderson, a estratificação da