Trabalho
GENEALOGIAS DA ÉTICA
1. Como nasce a ética
Vivemos hoje graves crises mundial de valores. É difícil para a grande maioria de a humanidade saber o que é correto e o que não é. Esse obscurecimento do horizonte ético redunda numa insegurança muito grande na vida e numa permanente tensão nas relações sociais que tendem a se organizar ao redor de interesses particulares do que ao redor do direito e da justiça. Tal fato se agrava ainda mais por causa da própria lógica dominante da economia e do mercado que se rege pela competição, que cria oposições e exclusões, e não pela cooperação que harmoniza e inclui. Com isso se onera o encontro de estrelas-guia e de pontos de referência comuns, importantes para as condutas pessoais e sociais.
Importa também não esquecer o que o historiador Eric Hobsbawrn, em sua obra Era dos Extremos (Cia. das Letras), constatou: houve mais mudanças na humanidade nos últimos 50 anos do que desde a idade da pedra. Essa aceleração fez com que os mapas conhecidos não orientassem mais, e a bússola chegasse a perder o Norte. Nesse quadro dramático, como fundar um discurso ético minimamente consistente?
1.1. Religião e razão: fontes da ética
Considerando a história, identificamos duas fontes que orientaram e orientam ética e moralmente as sociedades até os dias de hoje: as religiões e a razão.
As religiões continuam sendo os nichos de valor privilegiados para a maioria da humanidade. Samuel P. Huntington em seu conhecido O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial (Objetiva 1997, 79) reconhece explicitamente: “No mundo moderno, a religião é uma força central, talvez força central que motiva e mobiliza as pessoas... O que em última análise conta para as pessoas não é a ideologia política nem o interesse econômico; mas aquilo com que as pessoas se identificam são as convicções religiosas, a família e os credos. É por estas