Trabalho
Construir uma família
Nossa "gestação" começou no dia 3 de junho de 2005, quando a Justiça de Catanduva, cidade no interior de São Paulo, nos autorizou a entrar na fila da adoção. Após 13 anos de união, decidimos que era hora de ampliar a família. Como todo relacionamento, o nosso também teve fases. Namoramos, casamos e sentimos a necessidade de dar continuidade à nossa relação. Só uma criança teria essa capacidade. Fomos então pedir permissão à Justiça. A rápida decisão favorável surpreendeu.
Hoje, com a Theodora em casa, descobrimos que tínhamos uma centena de coisas para aprender. Passear nos fins de semana, ter horários fixos, manter um bom estoque de comida e até deixar o uniforme limpo para o próximo dia de aula. Ah, ela adotou um vira-lata, o Gaia. A prateleira do quarto dela tem dezenas de bonecas, mas é superorganizada. Só sai de casa com o cabelo arrumado e perfumada. É muito vaidosa.
Por essas atividades rotineiras, nem eu nem o Júnior tínhamos passado. E eu não sei mais viver sem. Em uma consulta com o pediatra, levei-a no colo. As mães adoraram ver um pai no médico, se preocupando com a saúde da filha. Diziam que os maridos nunca fizeram isso. Mas, quando em outra consulta, conheciam meu parceiro, às vezes, ficavam reticentes. Por que posso ser um bom pai sozinho e não acompanhado pelo meu companheiro?
É difícil que essas situações constrangedoras aconteçam, porque somos muito queridos na cidade. As pessoas nos conhecem e sabem o quanto desejávamos construir uma família. Tudo que nos chega é positivo. O relacionamento com outros pais é natural. Também, só fazemos os programas dela (risos). Já tivemos a fase das conversas ‘reveladoras’. Como ela chegou com 4 anos, sabia um pouco da sua história, mas nós