trabalho
Thiago Vinícius Mantuano da Fonseca Neste artigo, Adriana Facina busca expor as principais características do grupo sociológico que integra o movimento funk: a juventude favelada, além de questionar estigmas aos quais são submetidos os funkeiros e aproximar essa realidade às movimentações políticas e econômicas do período, pautado pelo Estado Penal e pelo neoliberalismo. A autora abre o artigo exibindo dados que comprovam o processo de extermínio da juventude negra no Rio de Janeiro. Associado ao enfrentamento frente ao tráfico de drogas ilícitas, a violência no Rio de Janeiro corresponde muito mais à radicalização do modelo de sociedade liberal e individualizada, que é exponenciada por um processo histórico autoritário e restringente de direitos no Brasil.
O movimento funk é a face mais visível dessa juventude e passou a carregar todos os estigmas de medo do “predador social”, o pobre. Posto nessa condição pela mídia corporativa e tendo sua visão adotada pela classe média, o funk se desenvolveu assim, criminalizado. Endossando esse discurso, o histórico racistas das classes médias e elites brasileiras contribuiu para que os funkeiros e os traficantes se misturassem no imaginário social. Afinal de contas, o perfil sociológico dos dois é coincidente. “Nessa construção ideológica, funkeiro, favelado, pobre e preto praticamente se tornam sinônimo de bandido, de indivíduo perigoso, capaz de despertar medo e gerar insegurança.” (FACINA: 2010, p. 4) A relação contraditória com o espaço aonde essa juventude favelada deveria ser “domada” fica patente nas pesquisas de campo de Facina. A escola, reconhecida como espaço de avanço humano e qualificação social, aparece na prática como um estorvo aos adeptos do funk. Sem o diálogo com as práticas culturais de seus alunos, que, pelo contrário, são banidas do ambiente escolar, a