Trabalho
Paulo Cesar Sandler
“Salomão disse, não há nada de novo sobre a face da Terra. A partir daí, Platão teve uma imaginação, que todo conhecimento não passa de lembrança; e ai então Salomão deu sua sentença, que toda novidade não passa de esquecimento. Muito tempo depois, Freud, a partir destes ombros, observou: Toda pretensão à novidade não passa de onipotência”[1] (Paráfrase expandida sobre Bacon, 1625)
A psicanálise iluminou tanto teórica como praticamente, o fato de que, além do “Escutar”, adstrito a um órgão sensorial, o auditivo, a vida humana requer, se o receptor for o ser humano, o “Ouvir”. Para o longo caminho entre o Escutar e o Ouvir, o ser humano alcança, em graus variáveis, algo que é tanto além como aquém dos vários sentidos, como afetos, emoções, e experiências emocionais, vínculos; emerge e assume formas definidas, tanto individuais (idiossincráticas) como no senso comum (passíveis de serem comunicadas), o “Ouvir”. Que vai se constituindo e se compõe do que se imagina ser o “aparelho de pensar”.[2] O mesmo se aplica às suas contrapartes, de “Falar” (emitir ruídos) e “Dizer” (domínio suficientemente mínimo da linguagem de representação), no âmbito do emissor humano, que enuncia algo. Isto tudo veio muito depois, em uma escala de tempo ontogenético, quer seja medido no grupo como na vida de um individuo. Tanto Dizer, como Ouvir, abrangem algo muito além do que apenas um órgão sensorial; pelo menos dois, e mais, além do infra (aquém) e ultra (alem) dos órgãos sensoriais. Costuma-se dizer, “você viu isto?”, quando se fala algo a uma pessoa,mesclando visão e audição e experiências emocionais e vínculos e pensar e....muita coisa ainda não descoberta, aguardando alguém que a descubra.
O que estamos dizendo quando enunciamos, “compulsão à repetição e patologias atuais”? A complexidade do tema fica aparente já na formulação[3] verbal, caso não compartilhemos dos varios hábitos atrelados a preconceitos