Não é muito comum falar sobre a solidão no mundo executivo. Festas, networking e reuniões em locais sofisticados são os temas mais frequentes na vida dos líderes empresariais. Por outro lado, nossa cultura organizacional ainda privilegia o desenvolvimento da pessoa por sua própria conta. Damos poucos feedbacks, isso é notório, e, acima de tudo, ouvimos muito pouco os profissionais. Por essas razões, a retenção de talentos e a motivação são assuntos sempre lembrados em rodas de profissionais de recursos humanos. Entretanto, surpreendeu-me que, na 5ª edição do Prêmio Profissional RH do Ano da Você RH, Fernando Salinas, diretor da Johnson & Johnson Medical, em seu discurso de agradecimento, tenha mencionado, ainda que brevemente, a necessidade do RH ser um bom ouvinte, principalmente para auxiliar na questão da solidão dos executivos. E ele tem razão, esse é um fator estressante e presente durante toda a carreira executiva. Em primeiro lugar, o mundo de negócios somente pode existir com base no sigilo. Experimente comentar em uma rede social que você está saindo para comprar um carro de R$ 100 mil que encontrou por R$ 80 mil, e verá por que o segredo é importante. Pense em com quantas informações sigilosas um executivo tem de lidar. Isso já é motivo suficiente para muito estresse. Agora, quando acrescentamos a isso angústias pessoais que se entrelaçam com o mundo dos negócios, podemos imaginar o que é a solidão executiva. Por exemplo, uma CEO que sente uma dor no corpo, em uma região na qual há histórico de câncer na sua família. E ela tem medo de ir ao médico fazer um exame. Além disso, está em meio à compra de uma empresa e teme que o negócio não seja concluído se souberem que ela pode estar doente. Ou um diretor que está sendo preparado para presidir a empresa, mas que não deseja assumir esse papel, pois entende que o cargo o tirará do convívio com a família. Ou, ainda, um executivo que deseja sair, mas não pode comentar esse assunto com os