trabalho
Riscos e benefícios das células-tronco
Ganhador do prêmio de Medicina em 2007, o geneticista inglês Martin Evans fala dos desafios e possibilidades dessa abordagem terapêutica
Marcos Pivetta, de Lindau*
N
ascido em 1º de janeiro de 1941 em um distrito da cidade de
Stroud, distante cerca de 180 quilômetros a oeste de Londres, o geneticista Martin Evans se lembra do que chama de seu primeiro experimento. Em um cenário rural marcado pela visão de prisioneiros da Segunda
Guerra Mundial que lavravam os campos locais, o pequeno Martin misturou água, areia e cimento na esperança de obter um material sólido, como vira outras pessoas fazerem. Mas verteu muita água e errou a mão na receita. Meio século mais tarde, precisamente em 2007, ao lado do americano Mario R. Capecchi e do também britânico Oliver Smithies,
Evans recebeu o Prêmio Nobel de Medicina por sua contribuição na formulação de uma receita de programação celular
* Marcos Pivetta viajou à Alemanha a convite do Serviço
Alemão de Intercâmbio Acadêmico (Daad)
42 | agosto DE 2014
que, ao contrário da velha argamassa que desandara, deu muita liga: ele descobriu as células-tronco embrionárias em camundongos, cuja manipulação genética permitiu a criação de modelos animais – os roedores nocaute – que reproduzem as condições clínicas de doenças humanas. Essa técnica permite desligar deliberadamente um gene e, dessa forma, causar nos camundongos a mesma condição clínica, ou um distúbio similar, que atinge os humanos.
Desde 2012 no cargo honorário de chanceler da Universidade de Cardiff
(País de Gales), Evans foi um dos 37 laureados com a maior honraria da ciência que participaram do 64º Encontro de
Prêmio Nobel em Lindau, pequena cidade do Sul da Alemanha, às margens do lago Constança, na divisa com a Áustria e a Suíça. No evento, o geneticista deu palestras e conversou com 600 jovens cientistas de 80 países, inclusive o Bra-
Evans: descobridor
das