trabalho
Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentindo-se frágil, pensou consigo:
"A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E, mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem me socorrerá?". Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas, como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera.
A outra borboleta também ficou apreensiva; tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais do que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência.
Augusto Cury
Estratégias de Leitura:
Em um texto em prosa, as metáforas são exploradas com parcimônia, visando criar uma imagem objetiva e concreta da realidade, o que o diferencia do texto poético. Porém, a linguagem da prosa não é pura denotação. Quando a obra chega ao seu epilogo, e termina a narrativa, a conotação se manifesta fortemente. Portanto, a prosa faz uso da linguagem denotativa-conotativa, ao contrário da linguagem poética, que é predominantemente conotativa.
Este texto nos fala sobre o desenvolvimento da lagarta ao tecer seu casulo e ao se transformar em borboleta, ao virar borboleta o medo dela sair do meu mundo, e partir para a vida real que é fora do casulo, no meio ambiente, onde ela poderá ser presa fácil para alguns animais e correrá perigo