trabalho
CIÉNCIA, TÉCNICA E ARTE: O DESAFIO DA PESQUISA SOCIAL.
Maria Cecília de Souza Minayo*
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1. CIÊNCIA E CIENTIFICIDADE
Do ponto de vista antropológico, podemos dizer que sempre existiu preocupação do "homo sapiens" com o conhecimento da realidade.
As tribos primitivas, através dos mitos, explicaram e explicam os fenômenos que cercam a vida e a morte, o lugar dos indivíduos na organização social, seus mecanismos de poder, controle e reprodução.
Na sociedade ocidental, no entanto, a ciência é a forma hegemônica de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito, por sua pretensão de único promotor e critério de verdade. No entanto, continuamos a fazer perguntas e a buscar soluções.
O campo científico, apesar de sua normatividade, é permeado por conflitos e contradições. E para nomear apenas uma das controvérsias que aqui nos interessa citamos o grande embate sobre a cientificidade das ciências sociais, em comparação com as ciências da natureza.
O objetivo das ciências sociais é histórico. Isto significa que as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configurações são especificas. Vivem o presente marcado pelo passado e projetado para o futuro, num embate constante entre o que está dado e o que está sendo construído. Por tanto a provisoriedade, o dinamismo e a especificidade são características fundamentais de qualquer questão social. Por isso, também, as crises tem reflexo tanto no desenvolvimento como na decadência de teorias sociais.
Por fim é necessário afirmar que o objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é o próprio dinamismo da vida individua e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela. Portanto os códigos das ciências que por sua natureza são sempre referidos e recortados são incapazes de a