Trabalho
Rap: Vida de Quatro Reais
Dois, três, quatro reais
Esse é o valor da sua vida, rapaz
Nos becos, pontos de encontro
No chão, o sangue daquele muleque
Que não ouviu a mãe e nem ouvirá esse rap
Mente pequena foi se aventurar
Achou que podia roubar, matar, vender pra usar
Mas eu te digo, irmão
Não vale a pena não
Traficante não tem pena de quem se ferrou
Cadê meu dinheiro, se não tem acabou
Surra, pedrada, uma arma na sua cara
E a família paga, a pobre coitada
A mãe que te acolhia quando frio fazia
E você roubava
Vendia geladeira, fogão pra comprar duas pedras
Sucesso de alguns minutos, depois passa
Não tem jeito não, esse é o Brasil
Sabe que vai morrer, mas ainda quer fumar
Ele sabe que é o fim, mas não para de se drogar
Vício é doença, sozinho não dá não
Mas quem tem a coragem de ir lá estender a mão?
Uns pede ao Pai e consegue se libertar
Outros perde a vida ali no chão onde só o pobre pisa
O playboy compra, usa e ainda pode estudar
Mas quem não tem nada, nem pra se drogar
É arma na cara, é sangue no chão
Lá se foi a vida de quatro reais de outro irmão
E o presidente? Já foi na crackolândia?
Senador, ministro, prefeito e vereador
Já viu alguma vez o drama do usuário?
Nesse país, onde quem dita a vida é a droga
Nesse país, onde não usar tá foda
Em cada esquina, alguém novo pra vender
Homem, mulher e a criança que mal sabe ler
Já sabe o beaba do crack, cocaína, maconha e heroína
Na rua, a fumaça inconfundivel vive subindo
Na balada, o comprimido todo mundo consumindo
Quem não gosta de cheirar pode também se enjetar
Não tem uma só forma, mas todas levam a uma só finalização
Pra droga não existe cor, sexualidade ou religião
É só mais um usuário, mais um perdido viciado
E aquele muleque que seguiu os amigos
Pra provar que era homem, pra provar que era forte
Ele foi mais um que não deu muita sorte
A sociedade não vê, mas não é normal
A droga é o Hitler da