Trabalho
Cuidar da Terra, nossa casa comum
“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro”. Recuperando esse trecho da abertura da Carta da Terra, que ajudou a elaborar, Leonardo Boff inicia sua palestra reforçando a importância desde documento. A Carta da Terra é uma declaração de consenso global sobre o significado da sustentabilidade, os desafios para que ela se concretize e os princípios para que o desenvolvimento sustentável seja realizado. “A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida”, propõe o documento. Para fazer frente ao principio da autodestruição estruturado pelo capitalismo moderno, Boff defende a necessidade de estabelecermos a co-responsabilidade na defesa da “comunidade de vida”. Esse conceito, adotado pela Carta da Terra, reconhece o ser humano como parte de uma cadeia interdependente. A idéia é sintetizada pela ciência. A decodificação do código genético revelou que todos os seres vivos, das bactérias às plantas, animais e pessoas, têm o mesmo alfabeto genético, composto por idêntico número de aminoácidos e bases. A diferente combinação desses elementos é o que cria a diversidade da vida. Essa unidade está representada na palavra que nos define. Homem vem de húmus, terra boa e fértil. “Somos uma parcela da
Terra”, diz Boff. “Formamos o elo ético dessa corrente, aquele que se responsabiliza por sua vida e a dos outros seres. Essa é nossa vocação”. O problema, segundo ele, é que nos esquecemos disso.
De onde viemos
No processo civilizatório, o homem partiu da relação com a natureza para um projeto de conquista desenfreada. Ao longo de sua existência, dominou terras, plantas, animais e descobriu outras formas complexas e eficazes de garantir a vida.