Trabalho
Embora não seja partidário de Lula, sua história, amplamente divulgada pela mídia, de um retirante nordestino pobre que ao longo de sua trajetória de vida é eleito presidente do Brasil é, em termos cinematográficos, um prato cheio. Com sua biografia é possível montar, sem nenhuma dificuldade, um roteiro que compreenda a estrutura padrão com todos os arcos dramáticos de uma história, desde as adversidades iniciais até a conseqüente transformação e superação no final da projeção.
Porém, há maneiras e maneiras de se contar uma história. E, infelizmente, a maneira escolhida pelo diretor Fábio Barreto é uma das mais óbvias e maniqueístas possíveis, não em termos de alteração da história ou exibição de elementos inverídicos, mas pelo fato de em todos os momentos de clímax induzir o espectador à emoção ou a sensações que, talvez sem a sua interferência, não seriam transmitidas pela história.
Assim enquanto Lula, sua mãe e seus irmãos partem em um caminhão – o conhecido pau de arara – ouvimos uma trilha sonora com violinos, especialmente composta para criar um clima de piedade perante a um cenário repleto de dificuldades. Pequenas referências como “o caminhão da felicidade está partindo” contribuem para que, nos momentos em que a história não é suficiente para levar o espectador às lágrimas, o fato aconteça. Não estranhe se, com muita naturalidade, em pouco mais de cinco minutos de filme você já se sinta “identificado” com o personagem principal, algo naturalmente deveria ocorrer, nesse caso, mais à frente.
A figura de Aristides, o pai de Lula, surge demonizada e execrável, tornando-se o seu primeiro grande adversário. Uma câmera tremida e agitada torna a sua figura ainda mais deplorável nas vezes em que se dedica a bater nos filhos afirmando que “filho meu tem que trabalhar, e não estudar”. Embora a figura da mãe de Lula, seja o centro principal da trama nesse momento, sendo a responsável direta pela formação do caráter do jovem, suas ações servem