Trabalho
O próprio Dicionário de Conceitos Históricos encontra dificuldades na definição do termo “cotidiano”, admitindo, posteriormente, não existir um conceito definitivo para o mesmo. No entanto, segundo Matos, o estudo do cotidiano já se desenvolve anteriormente ao século XX, mas bastante centrado na descrição de hábitos, gestos, afetividade, adquirindo maior força e expressão com a Escola dos Analles e, posteriormente, com a Nova História, que desenvolveu renovações conceituais e metodológicas ao seu estudo.
Desta forma, o cotidiano deixa de ser compreendido como uma situação de repetição, em que representa a descrição do dia-a-dia, no qual não há mudança, e passa a ser definido como um lugar de transformação. Além de se estudar os espaços públicos, como por exemplo, o Estado, dedica-se também a novos ambientes na região do privado e do cotidiano.
Desta maneira, Braudel, destaca que o estudo da civilização material ou do cotidiano, pelo menos entre os séculos XV e XVIII, é indissociável do estudo do capitalismo, ou seja, a vida material e a vida econômica, embora distintas, estão intrinsecamente ligadas. A existência de um não exclui o outro, a vida cotidiana “se estabelece de acordo com o ‘possível e o impossível’ das condições da vida econômica.”
Por exemplo, quando pensamos as grandes navegações como um grande empreendimento com fins econômicos, deixamos de lado que, pelo menos inicialmente, ele não foi lucrativo como se esperava no momento e que as mudanças sociais provocadas pelo acontecimento, demoraram a ser perceptíveis para as pessoas que diretamente pudessem auferir lucros com o empreendimento e, mais