Trabalho
ADRIANA MARIA DE FIGUEIREDO*
A formação de pesquisadores como uma das metas dos cursos tanto de graduação como de pós-graduação requer reflexões que não se restrinjam aos aspectos meramente instrumentais da prática científica, promovendo o estudo e a prática das técnicas de pesquisa como uma das faces de uma mesma moeda: a produção de conhecimento científico. Sem deixar, porém, de lado, a outra face: a das dimensões epistemológicas e teóricas envolvidas no labor de cientista. Este artigo discute algumas especificidades da pesquisa social e levanta o problema da universalização das proposições em investigações da realidade social dadas as características de seu objeto de análise. Especificidades dos fenômenos sociais como objeto de investigação
A pesquisa social trabalha com pessoas, com atores sociais em relação, com grupos específicos. Esses sujeitos da investigação são construídos teoricamente enquanto componentes de um objeto de estudo. Empiricamente, fazem parte de uma relação de intersubjetividade, de interação com o pesquisador, desta relação resultando um produto novo e contrastante, tanto com a realidade concreta, quanto com as hipóteses e pressupostos teóricos, em um processo amplo de produção de conhecimento.
Na perspectiva de Alexander [1], a cientificidade dos argumentos sociológicos não está estabelecida em um resultado explicativo imediato mas encontra-se sob a influência de um acordo generalizado entre seus praticantes acerca do que consideram intelectualmente problemático. Sobre este ponto, Alexander ressalta uma diferença crucial entre as ciências sociais e as naturais: nestas últimas, questões paradigmáticas só são abordadas se há desacordo sobre os pressupostos orientadores da prática científica. Isso não acontece nas ciências sociais, porque sua aplicação produz um desacordo muito maior: “as condições definidoras da crise do paradigma nas ciências