Trabalho
A ciência, na idade moderna, foi se formando simultaneamente no plano teórico e no plano prático. No plano filosófico, duas premissas foram colocadas: o racionalismo, enquanto afirmação radical da autonomia e do poder da razão humana como único instrumento do saber verdadeiro, e o naturalismo enquanto afirmação de que a natureza esgota a realidade, devendo trazer em si sua própria explicação.
Toda filosofia moderna se desenvolveu nessa direção, mesmo que tenha ocorrido aparentes regressões metafísicas. Não é sem razão que se considera descartes também como um dos pais da ciência moderna, pois, apesar de ter desenvolvido um novo sistema metafísico, ele lançou, com seu racionalismo e com sua idéia de extensão como fundamento do mundo natural, bases epistemológicas e metodológicas também para a física.
A Ciência é, ao Mesmo Tempo, um Saber Teórico Sobre o Mundo e um Poder Prático Sobre ele
A ciência moderna foi se formando a partir da percepção que alguns pensadores foram tendo, para além do senso comum, de que os fenômenos do mundo natural se manifestam, se “comportam” dentro de uma certa regularidade, de tal modo que os cientistas acabaram pressupondo que o universo forma um sistema completo de regularidades. Os fenômenos se manifestam sempre da mesma forma, como que obedecendo a leis.
E quando a ciência afirma que conhece o mundo fenomenal, está dizendo apenas que conseguiu explicar essas leis que estão dirigindo o comportamento dos fatos, de tal modo que as mesmas causas produzem os mesmos efeitos. Só que de casualidade já falavam também os metafísicos! Mas, para a ciência, trata-se de outro nível de casualidade, já que ela não avança até o nível da essência; portanto, a ciência não pode afirmar que um fenômeno “cria” o outro, no sentido que estaria produzindo na sua essência. Para a ciência, a casualidade é uma relação que liga dois fenômenos, de maneira