Trabalho e Realização
Pubblicato Giovedì, 01 Settembre 2011 13:45
Scritto da Luigino Bruni
CHAVE DE LEITURA: Por que, em vez de gerar satisfação e prazer, o trabalho tem provocado frustração e estresse? Seria muito positivo resgatar a sua dimensão de serviço aos outros, de doação
por Luigino Bruni
publicado em Cidade Nova, 09/2011
Fui convidado para jantar. Levei uma sobremesa para os meus anfitriões e a pessoa que me recebeu disse: “Obrigado”. Tomei um café na estação do metrô e, depois de pagar, disse: “Muito obrigado” a quem me atendeu. Dois agradecimentos em situações que, à primeira vista, parecem muito diferentes: a primeira é caracterizada por uma relação de dom e amizade e a segunda, pelo anonimato. Entretanto, nos dois casos, usamos a mesma palavra: “obrigado”. Por quê? Qual é o ponto em comum entre esses dois fatos?
O primeiro aspecto que os aproxima é que são encontros livres entre seres humanos. Jamais diríamos obrigado à máquina automática de café, por exemplo.
Estou convencido de que o agradecimento que dirigimos a nosso amigo, mas também à pessoa que nos serve, ao padeiro ou ao caixa do supermercado, não é apenas um sinal de boa educação ou um simples hábito. Ao agradecer reconhecemos que, mesmo quando a pessoa não fez nada além do próprio dever, naquela ação existe sempre algo a mais do que lhe é devido, algo que transforma a relação de troca num ato realmente humano. Poderíamos até dizer que o trabalho começa quando vamos além dos termos do contrato e nos doamos totalmente naquilo que fazemos, seja preparando uma refeição, atarraxando o eixo de uma roldana, limpando um banheiro, seja ministrando um curso na escola. Quando nos limitamos aos termos do contrato, o trabalho se parece muito mais com o que faz uma máquina de café, e não alcança a sua dimensão de ato humano.
Aqui está o paradoxo que existe na lógica de muitas empresas. Os funcionários e diretores, quando são honestos consigo mesmos, sabem que o trabalho