Trabalho e raça etnia
Autora: Maria Cristina Aranha Bruschini, Fundação Carlos Chagas, Grupo de Pesquisas Socialização de Gênero e Raça
Este texto traça um panorama da situação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro desde a última década do século XX até os primeiros anos do novo milênio (2005). Com base em estatísticas oficiais, destaca algumas das principais tendências da inserção laboral das brasileiras, que é marcada por progressos e atrasos. De um lado, a intensidade e a constância do aumento da participação feminina no mercado de trabalho, que tem ocorrido desde a metade dos anos 1970, de outro, o elevado desemprego das mulheres e a má qualidade do trabalho feminino; de um lado a conquista de bons empregos, o acesso a carreiras e profissões de prestígio e a cargos de gerência e mesmo diretoria, por parte de mulheres escolarizadas, de outro, o predomínio do trabalho feminino em atividades precárias e informais.
Em relação ao perfil das trabalhadoras, de um lado elas se tornam mais velhas, casadas e mães - o que revela uma nova identidade feminina, voltada tanto para o trabalho quanto para a família -, de outro, permanecem as responsabilidades das mulheres pelas atividades domésticas e cuidados com os filhos e outros familiares - o que indica a continuidade de modelos familiares tradicionais, que sobrecarregam as novas trabalhadoras, principalmente as que são mães de filhos pequenos, em virtude do tempo consumido em seus cuidados, como analisamos em artigo recente sobre o trabalho doméstico (Bruschini, 2006).
O texto apresenta, na primeira parte, dados gerais que demonstram o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho brasileiro, no período considerado, assim como as principais características dessa nova força de trabalho. Na segunda, é dado destaque a áreas, como a educação, e a ocupações e profissões nas quais as mulheres e as trabalhadoras tiveram considerável progresso no período 1993-2005; na terceira,