trabalho d geografia o choque das civiliza oes
O Mundo Islâmico há algumas décadas tem sido tema de constantes debates em que se discute a integração da região na ordem mundial vigente, seja antes ou pós Guerra Fria. Nessas discussões, muitas vezes, as formas de organização política de tais sociedades são valoradas e questionadas. Lança-se um olhar sobre o outro que classifica e categoriza os países islâmicos como irracionais, repressores e violentos.
A maneira de pensar descrita acima é corroborada no senso comum e na tradição acadêmica orientalista1 ainda hoje. Elaboram-se frágeis teses, que pautadas em dados históricos isolados, não dão conta de explicar as mudanças políticas ocorridas e, portanto, não podem se sustentar quando confrontadas com as experiências vivenciadas por estes países.
Nesta perspectiva, a teoria de Samuel Huntington indica que existe uma intolerância islâmica que leva os países muçulmanos a diversos confrontos e que o risco de um Choque de Civilizações é iminente. A proposta deste artigo, portanto, é fazer uma reflexão sobre tal conceito, tentando verificar a pertinência deste como fundamentação histórica.
De acordo com Edward Said.
O autor sugere que uma retórica da identidade, que coloca determinado grupo no centro do mundo, teria criado as bases para a hipótese, difundida no século XX, de mundos em conflito3. Tal argumento é recuperado por Huntington em sua análise. Na concepção do autor, o progresso de algumas sociedades seria tão evidente que os povos que não estivessem acompanhando o mesmo ritmo se submeteriam aos primeiros ainda que pelo confronto.
O ensaio de Huntington obteve grande repercussão na mídia e no meio acadêmico; uma notoriedade que Edward Said atribui menos às afirmações do texto que à apropriação do momento de sua publicação4. No contexto do pós Guerra Fria, foram muitas as teorias que tentaram definir o novo cenário não bipolar - Francis Fukuyama anunciara o fim da história com