Trabalho sujo e mediação em instituições para adolescentes em conflito com a lei
O objetivo do texto é fazer a comparação do uso da expressão “trabalho sujo” como conceito em duas importantes escolas teóricas dedicadas ao estudo do trabalho humano. Há uma articulação no sentido do conceito antropossociológico de “mediação”, que é o contrário do “trabalho sujo”, mas que está intimamente relacionado. A mediação está diretamente relacionada ao conceito de ação social, que são sempre parte de sistemas mais amplos e de processos de compreensão intersubjetiva, o que introduz o papel do agente nos processos através dos quais são coordenadas. A mediação tem relação direta com o mundo do trabalho, sendo marcado pela diferença entre o público e o privado, tendo diferentes espaços de atuação.
O trabalho surge das diferenças e é fonte de diferenças, como reafirma Velho (1996), e a divisão social do trabalho é, ao mesmo tempo, consequência e produtora das diferenças – ou seja, as diferenças geram diferenças. Ao mesmo tempo que o trabalho cria o indivíduo, torna-o inseguro e dependente, tornando-se mediador das relações pessoais. O trabalho também pode ser causador de violência, já que a diferença, ao mesmo tempo que constitui a vida social, como sua base, é fonte permanente de tensão e conflito. Nesse caso, a mediação torna-se importante para negociar a realidade a partir das diferenças, pois permite a interação, depois de desencontros, impasses e conflitos.
A sociedade relaciona “trabalho sujo” à violência ou perigo, podendo também ser identificado como uma negociação mal realizada, deixando uma das partes insatisfeita. Essa expressão pode conter vários significados, dentre eles, o trabalho que esteja associado à poluição física, moral ou simbólica, ou a execução de uma tarefa insatisfatória – tanto pra o profissional como para o cliente. Há também a atribuição ao “trabalho sujo”, como trabalho que implique força ou violência contra indivíduos ou