Trabalho sobre a obra de Mia Couto
Introdução:
1- O Valor Social da Guerra
Nas idades passadas, uma guerra feroz instituiria mudanças sociais e facilitaria a adopção de ideias novas que, naturalmente, não teriam ocorrido em dez mil anos. O preço terrível, pago por algumas dessas vantagens vindas com as guerras era que a sociedade retrocedesse temporariamente à selvajaria; tinha-se de abdicar da razão civilizada. A guerra é um remédio poderoso, de custo muito alto e muito perigoso; ainda que frequentemente cure algumas desordens sociais, muitas vezes mata o paciente e destrói a sociedade.
A necessidade constante da defesa nacional cria muitos ajustamentos sociais novos e avançados. A sociedade, hoje, desfruta do benefício de uma longa lista de inovações úteis que, a princípio, eram exclusivamente militares; e a sociedade deve à guerra, até mesmo a dança, uma das formas primitivas de exercício militar.
A Guerra tem tido um valor social para as civilizações passadas, porque ela:
a. Impunha a disciplina e forçava a cooperação.
b. Premiava a firmeza e a coragem.
c. Fomentava e solidificava o nacionalismo.
d. Destruía os povos fracos e inaptos.
e. Dissolvia a ilusão da igualdade primitiva e estratificava selectivamente a sociedade.
A guerra teve um certo valor evolucionário e selectivo; contudo, como a escravidão, deverá, em algum momento, ser abandonada, à medida que a civilização avança lentamente. As guerras de antigamente promoviam as viagens e o intercâmbio cultural; essas metas estão agora mais bem cumpridas pelos métodos modernos de transporte e de comunicação. As guerras de outrora fortaleciam as nações, mas as lutas modernas alquebram a cultura civilizada. As guerras antigas resultavam na dizimação dos povos inferiores; o resultado líquido do conflito moderno é a destruição selectiva das melhores cepas humanas. As guerras primitivas promoviam a organização e a eficiência, mas agora esta se tornou mais uma das metas