Trabalho sobre as drogas
Módulo 6 :: CAPÍTULO 3: A rede de saúde na assistência a usuários de álcool e outras drogas: papel das UBS, CAPSad, hospitais gerais e hospitais psiquiátricos
Marcelo Santos Cruz e Salette Maria Barros Ferreira
1. Introdução No Brasil, nas últimas décadas, uma grande reforma da assistência à saúde mental foi colocada em marcha, com a participação de profissionais de saúde e de gestores públicos dos setores federais, estaduais e municipais, pacientes e membros das comunidades. Isto foi necessário porque, até então, pessoas com problemas psíquicos (transtornos mentais) praticamente eram atendidas em serviços públicos apenas quando internadas em hospitais psiquiátricos. Da mesma forma, pessoas que tinham problemas com álcool ou outras drogas só tinham como opção a internação psiquiátrica.
Porém, o tempo e a experiência demonstraram que a internação em hospitais psiquiátricos não é adequada para grande parte dessas pessoas porque:
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pessoas com problemas com álcool e outras drogas necessitam de projetos terapêuticos específicos, diferentes dos projetos para outros transtornos mentais; o tratamento no hospital não prepara os pacientes para lidarem com as situações difíceis do seu dia a dia fora do hospital; o modelo centrado no hospital (hospitalocêntrico) é muito mais caro e não coloca em ação os recursos dos serviços extra-hospitalares; os problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas não têm origem só na biologia (os efeitos no cérebro, a genética) de cada pessoa, mas também em sua história de vida, em sua estrutura psicológica e no seu contexto econômico, social e cultural.
Por isso, os pacientes precisam de uma abordagem multidisciplinar, ou seja, de muitos profissionais com formações diferentes, além da assistência médica, como psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais,