Trabalho magali.
Freud começa, nesse artigo, nos lembrando que já havia mencionado que para uma neurose o fator decisivo seria a predominância da influência da realidade, enquanto para uma psicose esse fator seria a predominância do id. Na psicose a perda de realidade estaria necessariamente presente, ao passo que na neurose, segundo pareceria, essa perda seria evitada. Isso, porém, não concorda com a observação que todos nós podemos fazer, de que toda a neurose perturba de algum modo a relação do paciente com a realidade.
A contradição existe apenas enquanto mantemos os olhos fixados na situação de começo de neurose, quando o ego, a serviço da realidade, se dispõe à repressão de um impulso instintual. O afrouxamento da relação com a realidade é uma conseqüência do segundo passo na formação de uma neurose, e não deveria surpreender-nos que um exame detalhado demonstre que a perda da realidade afeta exatamente aquele fragmento de realidade, cujas exigências resultaram na repressão instintual ocorrida.
Incidentalmente a mesma objeção surge de maneira acentuada quando estamos lidando com uma neurose na qual a causa excitante (a “cena traumática”) é conhecida e onde se pode ver como a pessoa interessada volta as costas à experiência, e a transfere à amnésia.
Poderíamos esperar que, ao surgir uma psicose, ocorre algo análogo ao processo de uma neurose, embora, é claro, entre distintas instâncias na mente. Assim, poderíamos esperar que, também na psicose, duas etapas pudessem ser discernidas, das quais a primeira arrastaria o ego para longe, dessa vez para longe da realidade, enquanto a segunda tentaria reparar o dano causado e restabelecer as relações do indivíduo com a realidade às expensas do id. Aqui há, igualmente, duas etapas, possuindo a segunda o caráter de reparação.
O segundo passo, tanto na neurose quanto na psicose, é apoiado pelas mesmas tendências. Em ambos os casos, serve ao desejo de poder do id, que não se deixará ditar