trabalho historia
Qual tem sido historicamente o comprometimento do governo brasileiro com a qualidade do ensino?
De Suzana I. Golbert, 54 anos, psicóloga de Porto Alegre (RS)
Resposta:
A pergunta é difícil por abranger dimensões e conceitos distintos, os quais não tiveram relação direta ao longo do tempo, ou seja, é difícil tratar “historicamente” o suposto “comprometimento” de governos com a “qualidade do ensino”, uma vez que a instituição hoje chamada de escola nem sempre existiu tal qual conhecemos, mas se estabeleceu e foi apropriada de diferentes modos na nossa experiência histórica enquanto país.
No decorrer dos períodos colonial e imperial (1500-1889), a preocupação central se vinculava com a produção de bens agrícolas destinados, em especial, à exportação. Nesse período não há, propriamente, um sistema de escolarização. Há escolas isoladas mantidas pelos jesuítas que, durante muitas décadas, foram a única opção de escolarização no Brasil. O tema escola não era objeto de preocupação por parte dos governos e, mesmo entre os integrantes dos estratos sociais mais enriquecidos, a necessidade de escolarização não era sentida por todos.
Essa situação começou a se alterar a partir dos anos finais do período imperial, em especial a partir de 1870, em função, dentre outros fatores, da imigração e da intensificação do desenvolvimento econômico e das dinâmicas sociais. Pessoas oriundas da Europa, com experiência escolar, começaram a demandar e mesmo pressionar os governos pela oferta de escolarização. Nos lugares em que os governos não ofereceram escolas, essas pessoas se organizaram e criaram as suas próprias escolas. No Rio Grande do Sul, essas instituições ficaram conhecidas como escolas comunitárias e existiram, principalmente, nas regiões de colonização alemã e italiana.
O período situado entre os anos de 1910-30 e 1964 foi marcado por mudanças estruturais nas áreas econômica, política, social e por discussões mais intensas acerca da escolarização. Dois eventos