Trabalho Historia Moda
Varia Historia, Belo Horizonte, vol. 27, n46: p.471-480, jul/dez 2011
Durante o século XVIII, o desenvolvimento da ciência dos antiquários ou colecionadores fortaleceu as ligações entre o patriotismo e as pesquisas artísticas ou arqueológicas. Após a Revolução Francesa, a questão do patrimônio tornou-se crucial.
A década de 1790 e, sobretudo, a seguinte trazem, de fato, um conjunto de destruições "vândalas" como efeito indireto dos confiscos e dos realocamentos de propriedades, da liquidação de um bom número de heranças anteriormente mantidas pela Igreja ou pelas famílias aristocráticas. Elas provocam uma série de apreensões e anexações de obras de arte antigas e modernas, em favor do Louvre e dos museus da província francesa, graças ao Tratado de Tolentino e a uma mudança geral no mercado de arte. A restauração do Antigo Regime em todo o continente após a queda de Napoleão não assegurou um retorno à situação anterior, em razão das muitas transformações ocorridas no tecido social: destruir o patrimônio passou a ser uma questão ideológica na luta entre a tradição e o progresso.
O culto moderno dos monumentos, reflexão encomendada pelo governo ao historiador da arte vienense Alois Riegl, tenta, no alvorecer do século seguinte, aumentar a consciência europeia do patrimônio. O autor destaca o jogo de valores de intencionalidade, de historicidade e de antiguidade presentes nas atitudes para com os monumentos e julga que o conjunto das habilidades eruditas e dos investimentos patrióticos que determinaram as práticas vigentes no século XIX acabou ligado às marcas de erosão do tempo inscritas sobre o monumento. A generalização do monumento antigo (isto é, "qualquer criação humana desde que demonstre claramente ter resistido ao teste do tempo", como definido por Riegl), durante o século XX, sinaliza, de fato, uma mudança maior no contexto de triunfo progressivo do individualismo de massa frente ao patrimônio.
A relação