Trabalho escravo e lavagem de dinheiro
A TRAMA MILIONÁRIA NO COMÉRCIO DE SÃO PAULO
O presente trabalho tem a finalidade de descrever, sem a pretensão de fazê-lo em profundidade, uma prática conhecida, e a despeito de inúmeras iniciativas no sentido de coibir essa ação, acredita-se que até hoje permanece operante e oxigenada: a lavagem de dinheiro através do comércio (e neste caso, o estudo se fez na região do Brás, centro de
São Paulo), utilizando mão de obra estrangeira ilegal, explorada por outros estrangeiros, que por sua vez remetem o produto das suas vendas para o exterior, numa cadeia de procedimentos ilegais de ponta a ponta. Outros tipos de ações serão descritas aqui, como forma de ilustrar a fragilidade dessa cadeia por onde se desenrola essas práticas, sem, contudo, fugir do foco principal, que é a subtração de recursos para seus países de origem, para paraísos fiscais ou mesmo para locais mais conhecidos, como por exemplo, os Estados Unidos. O cenário, como já foi dito, é o maior centro comercial do país, o antes boêmio bairro do Brás, cuja atividade comercial movimenta bilhões de reais ao ano, em números oficiais; contudo, é evidente a predominância das atividades comerciais informais, que devem movimentar montantes ainda mais relevantes, considerando todas as condições que ainda perduram, favorecendo a sustentação dessa teia de atividades ilícitas: a dificuldade de controlar os fluxos financeiros, o frágil sistema de acompanhamento e controle do fluxo de estrangeiros no país como um todo, e em São Paulo em particular, a prática sistêmica entre muitos comerciantes e consumidores de realizar as suas transações sem emissões de notas fiscais, a utilização do trabalho informal, e o próprio oportunismo dos consumidores, que buscam otimizar seus custos, objetivando adquirir o máximo de mercadorias com o menor desembolso, independente da origem das mercadorias que compra, ou mesmo a forma como essas mercadorias foram confeccionadas.