Trabalho Escravo no Sudão
Em 1987, dois professores universitários de Cartum, Suleyman Ali Baldo e Ushari Ahmed Mahmoud, desafiaram a censura governamental e denunciaram o novo tráfico de escravos no país, iniciado a partir de 1985. O então Governo de Sadiq el-Madhi, hoje na oposição, para fazer frente à força do Exército de Libertação Popular do Sudão (SPLA, formado sobretudo por sulistas e que pegou em armas contra o Poder islamita do Norte), resolveu armar as tribos da parte ocidental do país, vizinhas da zona habitada pelos dencas, a tribo com mais homens no SPLA.
Uma das consequências da política governamental foi o restabelecimento da captura e tráfico de escravos no Sul do Kordofan e Darfur, favorecido pela deslocação em massa das populações que fogem da guerra, pela limpeza étnica e pela natureza do terreno: bosques e savanas. A zona é caracterizada por aldeias dispersas, habitadas pelas tribos árabes dos rizeigat, dos massiria e dos bagaras, que são pastores nómadas e donos absolutos do território. Responderam com entusiasmo à chamada à jihad (guerra santa), que lhes dá total liberdade no tratamento dos «infiéis». Nada mudou para estes grupos árabes ao longo dos últimos cem anos. Na maioria analfabetos, o único progresso que registaram foi nas armas e nos meios de transporte modernos de que agora se servem: